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terça-feira, 24 de junho de 2014

O FENÓMENO POÉTICO

CEDIDO

IDEIAS DE ARISTÓTELES:

Este é o terceiro excerto de um artigo publicado pelo meu pai. O 2º saiu no meu blogue em 21 de maio de 2013.
Imagem do Google

Se compararmos a aceitação e divulgação da «Poética» com a aceitação e divulgação das outras obras de Aristóteles, notamos um espantoso contraste: enquanto o seu talento,  em geral,  vibra em «ondas de luz intelectual» e é venerado na Escolástica, a «Poética», no mesmo período, nem sequer é conhecida. Ao invés, na Renascença, em que Aristóteles é desprezado, esta obra suscita algum interesse.
As ideias de Aristóteles sobre a tragédia e a comédia foram transmitidas pelos gramáticos e críticos, mas a «Poética» propriamente caiu depressa no esquecimento. Veio, porém, o Renascimento, ávido das formas clássicas greco-romanas e, com ele, o triunfo desta obra.

A tragédia merece-lhe um estudo metódico e a epopeia também lhe prende a atenção. Não assim a comédia,- embora seja quase certo que lhe dedicou um estudo consciencioso no volume que não viram e não vêem os olhos dos seus vindouros.
«A tragédia é a imitação de uma acção de carácter elevado e completo,... imitação que é feita por personagens em acção e não por meio de uma narração, e que, provocando compaixão e medo, opera a purificação de tais paixões.» Aristóteles, Poética, 1449 b,24-28

«A epopeia vai a par da tragédia enquanto imita, com a ajuda do metro, homens de alto valor moral, mas difere enquanto emprega um metro uniforme e é narração. Difere, também, na extensão: uma esforça-se por acabar, quanto possível, dentro de uma única revolução do sol, ou de ir pouco mais além, enquanto a epopeia não tem limite no que respeita ao tempo.» Aristóteles,op.cit. 1449 b,9-14

«A comédia é a imitação de  homens de  qualidade moral inferior, não em toda a espécie de vício, mas no domínio do risível, que é  uma parte do feio. Porque o risível é um defeito e uma fealdade sem dor nem prejuízo; assim, por exemplo, a máscara cómica é feia e disforme sem a expressão de dor.» Idem,ibidem, 1449 a,31.36

São seis os elementos da tragédia: a fábula, os caracteres, a elocução, o pensamento, o espectáculo e o canto. Ao pensamento pertence demonstrar, refutar, mover à piedade, ao temor,à cólera...Os elementos são estudados um por um.

As fábulas são divididas  em simples ou complexas, conforme as acções. As acções constam de peripécia, de reconhecimento e de  acontecimento patético. As acções formam as fábulas.

A tragédia desdobra-se em : prólogo, episódio,êxodo, canto do coro. Este compõe-se da primeira entrada do coro na cena e da estada. Segue-se o estudo dos caracteres, da verosimilhança e necessidade, e dos diversos modos de reconhecimento; depois, esclarece-nos sobre os episódios...Fala-nos da epopeia: da sua unidade, das suas espécies e partes, da sua extensão e metro, do maravilhoso, da verosimilhança...

Na fábula,já que há a imitação de uma acção, que esta  imitação seja una e inteira, e que as partes estejam unidas de tal forma que, se se transpõe ou corta alguma delas,  todo seja abalado e transtornado.» Idem,ibid., 1451 a, 22-34

J.E.SANTOS,meu pai